Impressões







  13/06/2012
Ser Mulher Negra ...

 Nome Sheila Urbano 36 anos
Minha infância foi um pouco tumultuada.
Sou filha de mãe solteira e não tive paternidade reconhecida nem pela família dele ,devido ser de origem negra vindo assim ser registrada como pai desconhecido.
Na casa que fui criada eram o casal de tios de minha mãe biológica e eu .Nossa condição era precária mas dava para viver ,só o senhor que trabalhava com o falecimento dele a esposa passou a lavar roupa para fora para ter alguma renda até ser beneficiada com a pensão e minha mãe também mandava algum dinheiro para ajudar na minha criação . 
Foi um período bem difícil, passamos por bastante dificuldades .
Nasci em Alegre onde moro até hoje .Terminei o curso em técnico de contabilidade e logo em seguida me casei .Hoje em dia trabalho como auxiliar de cozinha sendo esse meu segundo emprego,o primeiro foi devido as circunstancias de um casamento falido e tirano onde o machismo imperava ,como mulher não deve trabalhar só cuidar de casa ,saindo assim para a primeira coisa que sabia fazer depois de tantos anos oprimida que foi cuidar da casa de terceiros.Em minha opinião o racismo existe sim inclusive entre os próprios negros.
Eu já senti esse desconforto claramente a algum tempo ,quando estava a procura do meu primeiro emprego quando uma proprietária de uma loja de certo status na cidade me recusou o emprego alegando que não me encaixava no perfil da loja.
Infelizmente em cidades pequenas ainda existem o preconceito gerado pelas três condições (raça, sexo, nível social) alguns tentam mascarar dizendo que não mas é so colocar uma pessoa de origem mais humilde e simples porem capacitada e outra com rostinho bonito e vestimenta da moda mas sem experiência que vão pela embalagem e não no conteúdo e isso ainda se enquadra na questão da idade .
Não sei ao certo como funciona ainda a questão de cotas mas será que não seria uma forma de discriminar as pessoas enumerando assim quantos podem ter acesso a igualdade?
Não acho que está no rumo certo porque acho que estão só mascarando e impondo as pessoas que aceitem fazendo assim leis para poderem garantir que aceitem ,sendo assim visto que não funciona .
O que falta é so as próprias pessoas se conscientizarem que somos todos iguais ,não é a cor que molda o caráter e formação moral das pessoas .
O maior problema da mulher negra hoje é na questão profissional .É no mercado de trabalho, achando assim a grande maioria das negras nos serviços informais .
 O que falta a todos nós é abrir nossas mentes e lembrarmos que todos somos irmãos perante Deus e que por dentro temos todos a mesma cor.

Entrevista realizada por Janaina Marques de Mello Cruz .

 

31/03/2012

  Mulheres são maioria no serviço público capixaba.

É cada vez mais crescente a inserção da mulher no mercado de trabalho. prova disso é que no Serviço Público do Espírito Santo elas já lideram o quantitativo de servidores públicos. A participação das mulheres na gestão pública estadual aumentou consideravelmente nos últimos anos e, hoje, elas se destacam e são maioria no total de mais de 55 mil servidores ativos do Poder Executivo Estaduais, representando 56% dos servidores estaduais.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) é a que concentra a maior proporção de mulheres, com 19.572 servidoras, o equivalente a 77% do total de servidores do órgão. Outra secretaria em que elas se destacam é a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), onde há 10.266 mulheres, o que represente 68% do total de servidores.
No Espírito Santo as mulheres estão cada vez mais mostrando sua força, ocupando cargos de liderança. No Governo do Espírito Santo, elas estão no comando de dez órgãos do Executivo Estadual, onde ocupam a função de secretárias de Estado ou diretoras-presidentes, e 35 atuam como subsecretárias de Estado. Elas também estão à frente de alguns municípios capixabas, sendo sete prefeitas e seis vice-prefeitas.

 


Rosimar e Marceli


Referência:
SEGER-ES. disponível em: http://www.seger.es.gov.br/default.asp. Acesso em: 29/03/2012


29/07/2011
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O Apartheid na África do Sul e a realidade brasileira

Arte: Renata Teixeira
Julho foi o mês do aniversário de Nelson Mandela, uma das maiores personalidades políticas do mundo, conhecida pela sua história de luta contra o regime de segregação racial em seu país. O Apartheid foi adotado oficialmente na África do Sul em 1948 após a eleição que colocou no poder o Partido Nacional, composto por representantes de uma minoria branca descendente de europeus. 
O termo Apartheid significa "vidas separadas”, o que na África do Sul representou para negros, mestiços e asiáticos décadas de privação de direitos políticos, sociais e econômicos. Essa forma de racismo, definido pelo Aurélio como uma “doutrina que sustenta a superioridade de certas raças”, dividiu a sociedade sul-africana em duas. Ao separar brancos de não-brancos foi oficializada uma pirâmide social na qual ficaram claros os papeis e os espaços de cada um.
Fonte: Divulgação
Conforme o site Colégio WEB, as políticas de segregação adotadas atingiam a habitação (aos não-brancos era proibido possuir terras, sendo obrigados a viver em zonas residenciais separadas das dos brancos, geralmente em guetos pobres e superlotados); o emprego (poucas oportunidades, em geral trabalhavam nas minas), a educação e os serviços públicos eram precários. Além do casamento entre pessoas de diferentes raças era proibido. Foram mais de quarenta anos de luta pela queda do regime, nos quais Mandela esteve sempre à frente, de forma pacífica ou através da luta armada, sendo considerado um terrorista pelas lideranças do país. Durante o regime o governo sul-africano sofreu sanções da ONU por ferir uma série de artigos estabelecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) como, por exemplo, o Artigo I segundo o qual  “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. (...)”.  Em 1990, após décadas de luta e fortes pressões econômicas de diversos países, Nelson Mandela enfim foi solto e dois anos depois o apartheid foi extinto.

Arte: Renata Teixeira
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Apartheid no Brasil
Não, o regime do apartheid não foi implementado no Brasil - ao menos não oficialmente. No entanto, basta estudar um pouco para saber que houve uma segregação étnico-racial no Brasil na época em que os portugueses aqui chegaram ou mesmo no início do século XVI, quando teve início o período de escravidão no Brasil. Mas a ênfase aqui é no Brasil de hoje, no qual não há uma segregação - ao menos oficializada. De acordo com uma pesquisa do IBGE publicada em 22 de julho de 2011, mais da metade dos entrevistados (63,7%) acredita que a raça ou a cor da pele influencia a vida das pessoas, principalmente no que diz respeito a trabalho, relação com a polícia/justiça e o convívio social. Um olhar mais atento pode ilustrar esses números. Um episódio da série de reportagens Morte violenta – crime banal exibida pela TV Record em 4 de julho de 2011,  aponta negros e pobres como as maiores vítimas da violência policial nos grandes centros urbanos e o que chama a atenção é o fato de muitas dessas vítimas não serem bandidos. Segundo a matéria “entidades de direitos humanos denunciam que muitas vezes os registros policiais trazem mentiras para proteger policiais que matam”, o que deixa claro que há um tratamento diferenciado no trato com cada cidadão.
No seminário CULTNE, realizado em 2010 no Rio de Janeiro, onde foi discutida a presença da mulher negra no cinema, a atriz  Shirley Cruz apontou que, salvo exceções, o negro ainda hoje tem pouco destaque em filmes e novelas:  “é o papel a empregada que não tem um desdobramento, é a enfermeira que passa rapidamente e que não tem uma história”, enfatiza.  Também presente no debate, a atriz Ilea Ferraz fez uma observação oportuna ao afirmar que a sociedade sofre uma espécie de adestramento que dita o que ela deve ou não gostar. “Se você entra em uma banca e não vê uma foto de um artista negro você não vai puxar o foco pra ele. Desta forma se conduz a maneira das pessoas pensarem sem que elas percebam”.
Talvez isso explique por que razão em um país com a diversidade (compreendida aqui como a variedade de diferentes culturas, raças/etnias, gênero entre outras) do Brasil até bem pouco tempo só estudava na escola a história européia ou a história do Brasil focada sempre na família real portuguesa.  Ou seja, quando você coloca um europeu no centro do debate, ele é naturalmente aceito como mais importante, havendo também nesse caso uma condução de pensamento sem que as pessoas percebam. Exemplos como esses mostram um apartheid não oficial, onde se vê um Brasil tratando de forma desigual pessoas de cor de pele diferente. É um tratamento diferenciado por parte da polícia, de outros órgãos públicos, menos espaço no mercado de trabalho, papeis secundários na construção da sociedade.  
E o único a sofrer os efeitos desse “apartheid à brasileira” não é o negro. Há preconceitos diversos, seja pela raça/etnia, pelo gênero, pela opção sexual, pala condição social. Há muita coisa a ser feita e a sociedade tem papel fundamental nesse processo na medida em que se mobiliza para cobrar ações do poder público. Retomando as palavras da atriz Shirley Cruz para mudar esse e outros cenários “a gente tem que somar forças, reunir, discutir e executar, só assim as coisas vão avançar”.

Recomendamos:
Filme Invictos, dirigido por Clint Eastwood (história de Nelson Mandela enquanto presidente da África do Sul e sua luta pela verdadeira democracia).

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Referências:
_____. Mandela. Disponível em: http://goo.gl/sWMFj. Acesso em: 29/07/2011.
_____. Mandela: 20 anos de liberdade. Disponível em: http://goo.gl/UQ8gJ. Acesso em: 27/07/2011.
_____. IBGE divulga resultados de estudo sobre cor ou raça. Disponível em: http://goo.gl/XtISF Acesso em: 27/07/2011._____. Saiba o que foi o apartheid, regime de segregação racial na África do Sul. Disponível em: http://goo.gl/eTc3B. Acesso em: 27/07/2011.
_____. SEMINÁRIO CULTNE. A mulher negra no cinema. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://goo.gl/VUJRB. Acesso em: 30/07/2011.
CANCIAN, Renato. Origem histórica da segregação racial na África do Sul.
Disponível em: http://goo.gl/TasUJ. Acesso em: 27/07/2011.
COSTA, Renata. O que foi o Apartheid na África do Sul? Disponível em: http://goo.gl/ENtXP. Acesso em: 27/07/2011.
VIANA, Rodrigo. Negros e pobres são as maiores vítimas da violência policial em SP. Disponível em: http://goo.gl/8HqKa. Acesso em: 28/07/2011.

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