UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
ALBA DA SILVA BARBOSA
ANGÉLICA LESSA MEDEIROS
JANAÍNA MARQUES MELLO
LUCIANA DE OLIVEIRA
REIS
MARCELI GONÇALVES
PAULA BEPPLER SIMIQUELI
ROSIANE CABRAL
ROSIMAR ROCHA
WANDERSON ORNELAS
OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER E A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Alegre
2012
INTRODUÇÃO:
A violência contra a mulher é um problema mundial e
constitui uma das principais barreiras ao esforço da humanidade, na construção
de um mundo de harmonia, amor, fraternidade e respeito pela igualdade de
direitos entre homens e mulheres, num contexto de famílias estáveis, que sejam
de fato, bases sólidas que promovem e sustentam o desenvolvimento das pessoas e
dos países.
A literatura sobre violência contra as mulheres tem suas
origens no início dos anos 80, constituindo uma das principais áreas temáticas
dos estudos feministas no Brasil. Esses estudos são fruto das mudanças sociais
e políticas no país, acompanhando o desenvolvimento do movimento de mulheres e
o processo de redemocratização. Nessa época, um dos principais objetivos do
movimento foi dar visibilidade à violência contra as mesmas e combatê-la
mediante intervenções sociais, psicológicas e jurídicas. Uma de suas conquistas
mais importantes são as delegacias da mulher, as quais ainda hoje se constituem
na principal política pública de combate à violência contra as mulheres e à
impunidade.
Em relação à legislação, houve significativas mudanças
nas últimas décadas. As conquistas sociais das mulheres brasileiras desde então
são evidentes, assim como a redução de algumas desigualdades de gênero. No
entanto, a violência contra as mulheres ainda é uma questão social grave de
conseqüências diretas na vida das mesmas e em seu meio.
A violência de gênero contra a mulher ganha ênfase na
década de 1980 devido à efervescência dos movimentos sociais, entre eles o
movimento feminista, que foi o grande protagonista e propulsor do debate. Neste cenário, onde havia uma crescente
redemocratização, as mulheres também buscavam seu espaço dentro da sociedade.
Uma das bandeiras centrais do movimento estava
direcionada para o enfrentamento da violência de gênero contra a mulher, que
num primeiro momento se deu tanto no âmbito judiciário, quanto no âmbito da
segurança pública. Deste modo, a violência de gênero era tratada, inicialmente,
como caso de polícia, com pouco destaque, ainda, nas demais esferas públicas do
país.
Esse fato aponta para os processos educativos que
perpassam as trajetórias dessas mulheres, indicando que a educação praticada na
escola seria uma importante aliada no combate a este problema social. Com base
neste contexto, busca-se analisar o papel da escola frente às questões de
gênero, pois é nesta instituição que muitas imagens e preconceitos são vividos,
produzidos e legitimados. Defende-se que o professor como agente de
transformação social, através de sua prática, tanto pode contribuir para
perpetuar esta cultura e deixar passar despercebidas situações que ocorrem na
sala de aula, como pode atuar na construção de uma cultura de paz e mais
igualdade entre homens e mulheres, desconstruindo estereótipos e oferecendo
subsídios e reflexões, onde meninos e meninas se respeitem mutuamente, enquanto
sujeitos de direitos.
DEFINIÇÃO DO PROBLEMA, DO OBJETO E
JUSTIFICATIVA:
O objeto central deste
projeto surgiu após serem identificadas no ambiente escolar, diversas facetas
da violência de gênero nos grupos familiares dos alunos da “Escola Estadual Professora ”Célia
Teixeira do Carmo”, no município de Alegre – ES. Buscando contribuir para
a redução da violência contra a mulher e a violência de gênero dentro do ambiente escolar e na comunidade,
despertando o desejo nos alunos do exercício da cidadania plena, o senso
crítico da realidade cotidiana, marcada tantas vezes pela desapropriação de
direitos e deveres civis, políticos e sociais, fazendo com que estes alunos
repensem os desafios vivenciados no seu dia a dia. Acreditando na
capacidade de intervir e fazer a diferença sob o foco da violência contra a
mulher foi elaborado este Projeto para que os mesmos possam identificar em suas
famílias e/ou comunidade as diversas faces da violência de gênero,
identificando pontos de ajuda, despertando nestes alunos à importância da
participação por meio do exercício de sua cidadania de forma plena,
formando multiplicadores desta temática.
OBJETIVO GERAL:
Contribuir
para a redução da violência contra a mulher e a violência de gênero, onde este
levará informações às mulheres
que são oprimidas, discriminadas e que sofrem das mais variadas modalidades e
formas de violência.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
·
Discutir em âmbito escolar e na comunidade
sobre as diversas facetas da violência contra a mulher e a violência de gênero;
·
Reforçar as capacidades institucionais e a
educação e formação do público em geral em assuntos de violência contra a
mulher;
·
Desenvolver e empregar no cotidiano familiar
o que foi estudado sobre os direitos das mulheres no país, estado e município;
·
Possibilitar a compreensão do processo de
violência contra a mulher e suas conseqüências no grupo familiar, comunitário e
social;
·
Trabalhar a valorização da mulher vitima de
violência;
·
Realizar ações de mobilizações sobre o tema
com alunos, pais e comunidade;
·
Divulgar os serviços de atendimento e
denuncias às mulheres vitimas de violência;
·
Identificar conteúdos discriminatórios à
mulher nos materiais escolares e propor alternativas de divulgação dos mesmos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
Este trabalho se organiza a
partir do objetivo geral de compreender como a noção de educação constitui-se
discursivamente em estratégia institucional para enfrentamento da violência
contra a mulher no Brasil. Neste sentido, consideramos fundamental iniciar este
trabalho a partir de uma breve revisão da literatura que contextualiza e define
a violência contra a mulher como violência de gênero.
A violência contra a mulher é uma
problemática social grave e remota,
considerada
uma violação aos direitos humanos e um problema de saúde pública com enormes
proporções e graves conseqüências físicas e psicológicas para os envolvidos,
sobretudo, as mulheres que são o principal alvo. É uma questão complexa de
analisar, visto que atinge as mais diversas classes sociais, culturas,
religiões, idades, raças e etnias. Trata-se, também, de uma violência de gênero
sendo, a maioria, cometida por homens sobre mulheres, pois, acostumamo-nos a considerar como
violência somente os atos que provocam algum tipo de lesão física. No entanto,
a violência ocorre na forma de ofensas, intimidações, humilhações, ameaças e
uma série de atitudes de agressão e desprezo; situação de constrangimentos seja
na rua, nas escolas, nos ônibus, nas festas e, sobretudo, em casa.
Dados
da Organização Mundial de Saúde - OMS, em 2005, divulgou que uma em cada seis
mulheres no mundo sofre violência de gênero. A maioria envolve violência física
sendo cometida, predominantemente, por maridos ou companheiros, no âmbito dos
domicílios. O problema também é visto como uma questão de paz e segurança, esse
alerta foi feito em boletim do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da
OMS, e segundo o documento a “violência contra mulheres é talvez a mais
vergonhosa das violações de direitos humanos”. Revelando assim que essa
situação contra a mulher representa prioridade urgente de saúde pública.
Temos como referência o movimento de
Mulheres para o debate de questões pertinentes à gênero, pois no interior
destes movimentos que se desenvolve amplo debate acerca do entendimento da
opressão das mulheres enquanto efeito de estruturas de dominação patriarcais.
Esta expressão – patriarcado é
utilizada pelos Movimentos de mulheres como sinônimo de qualquer estrutura
social em que as mulheres ocupam
posições subalternas, estando sujeitas aos mais variados modos de dominação pelos
homens (Machado,2000).
Na produção feminista das ciências
sociais desde a década de 1980, a
expressão patriarcado deixou de ser utilizada como um conceito analítico,
adquirindo lugar secundário no campo dos estudos de gênero. Assim o termo
“patriarcado permanece como uma referencia de fundo, mais alusiva do que
conceitual” (Machado,2000).
Devemos considerar a influencia das
reflexões na produção científica feminista de Pierre Bourdieu (2003) sobre
dominação masculina. Tal conceito “supõe que a subordinação social das mulheres
pelos homens seja efeito de um processo em que atributos culturais e
representações sociais adquirem o estatuto de fatos naturais, impondo-se
através da violência simbólica presente na linguagem, nos modos de organização
social, nos comportamentos e nas visões de mundo que trazem implícita a
superioridade do masculino sobre o feminino.”
O avanço dos direitos sociais e a
conquista de maior cidadania tem sido conquistado por meio de mobilização e
participação da sociedade. O movimento social tem se pautado por ações de
reivindicação, denúncia, advocacy, encaminhamento de propostas concretas e
articulação da sociedade na implementação de uma nova cultura de direitos.
A criação de Delegacias
Especializadas para mulheres e a instituição dos Conselhos de Direitos da
Mulher, são espaços conquistados pelas mulheres que foram se fortalecendo e se
transformando em importantes instrumentos na luta contra a violência doméstica
e as desigualdades de gênero.
O Movimento de mulheres e a
participação política resultaram na realização de Conferências e Encontros
nacionais e internacionais que direcionam o olhar para fatores culturais e
sociais que reproduzem as desigualdades e discriminações de gênero.
Não se pode negar que nas ultimas
décadas, houve inúmeras conquistas sociais das mulheres brasileiras que
contribuem para redução das desigualdades de gênero. No entanto, a violência
contra as mulheres ainda é um desafio a ser enfrentado, sendo considerada uma
questão social grave e com conseqüências diretas na vida em geral, assim como
na vida sexual e reprodutiva das mulheres.
A forma mais comum de violência
contra a mulher é o abuso cometido pelo companheiro, que envolve desde agressão
psicológica e/ou física até relação sexual forçada. Existe uma dificuldade
extra no conhecimento do fenômeno, já que muitas vezes a agressão não é
denunciada às autoridades. A mulher acaba buscando ajuda na própria família ou
amigos, quando não silencia totalmente a violência durante anos a fio.
Em 1988 o Brasil realizou pesquisa
histórica realizada como suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), que forneceu dados sobre vitimização no âmbito nacional.
Naquela época foi constatado que 63% dos casos de agressão física no espaço
doméstico tinham a mulher como vítima.
Na década de 1980, foram criadas no
Brasil as Delegacias de Defesa das Mulheres, que nos anos 90 passaram a ser
chamadas de Delegacias Especiais de Atendimento às Mulheres (DEAM). Mas
infelizmente este dispositivo cobre apenas 10% do território nacional. Os dados
coletados nestas delegacias indicam que 70% das agressões ocorrem dentro de
casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro. Destas agressões 40% resultam em lesões corporais graves.
A partir dos casos registrados nas
delegacias novos estudos puderam ser realizados demonstrando que 80% das
mulheres têm entre 20 e 40 anos, com vida conjugal de longa duração e que a
violência ocorre mais entre pessoas com maior nível educacional. Este dado é
extremamente preocupante, uma vez que se acredita que o acesso a educação é
fator de combate já que é uma fonte de informação. No entanto, é preciso maior
investigação, pois a revelação da violência é revestida de forte sentimento de
vergonha e muitas vezes legitimada pela sociedade como responsabilidade
exclusiva da mulher.
A educação é um direito e um
elemento fundamental no exercício da cidadania e na construção da democracia.
Vemos a educação como o meio mais eficiente de promoção da igualdade de gênero,
uma vez que é um espaço privilegiado para construção de novos significados
referentes ao ser homem e ao ser mulher, assim como também para se construir
uma cultura de paz, onde se possa ensinar as crianças formas alternativas de
resolução de conflitos, que não seja recorrer à violência. Mas principalmente
um lugar de combate aos estereótipos que contribuem para perpetuação das
desigualdades entre homens e mulheres.
Em grande parte do mundo as mulheres
têm escolaridade inferior à dos homens. A superação desta diferença através da
educação formal contribui para o empoderamento da mulher se manifestando em
diferentes níveis: aumento do potencial de geração e renda, na autonomia das
decisões pessoais e controle de sua fecundidade, além de maior participação na
vida publicam.
No século XXI as mulheres adquiriram
níveis educacionais superior aos homens (Beltrão e Alves, 2009), mas nem sempre
foi assim, no Período Colonial as mulheres eram excluídas das poucas escolas
existentes. Após a Independência da República, houve um aumento da oferta
educacional, porém, ao sexo feminino
cabia apenas a educação primária, com forte conteúdo moral e social, com o
objetivo de fortalecer o papel da mulher enquanto mãe e esposa. A educação
secundária restringia-se ao magistério e na educação superior a situação era de
quase total exclusão.
Levando-se em consideração que a
educação dada às mulheres lhe reservava o destino da submissão, seja no lar ou
na escola, mulheres se uniram e começaram a gritar contra a opressão e pela
garantia de uma educação não sexista e informativa sobre seu corpo e
sexualidade. Passaram a estudar e a trabalhar exigindo salários iguais aos dos
homens, licença maternidade de 120 dias, creches para seus filhos (as),
proibição de atestado de esterilidade para ser admitida no emprego.
Vemos no senso comum uma forte
crença de que as atitudes de homens e mulheres são oriundas de uma certa
programação natural e biológica de comportamento que viria junto com o tipo de
corpo físico com que cada individuo nasce. Sobre esta questão, a antropóloga
Margareth MEAD realizou importante pesquisa na década de 1930consolidada em seu
livro Sexo e Temperamento (1988). Da comparação entre três culturas, que
compartilhavam de uma organização social semelhante, as análises de MEAD dizem
respeito à questão de como determinadas culturas podem não enfatizar uma
relação entre sexo e personalidade. Já em outras, o sistema simbólico em torno
da diferença sexual pode eleger a “afetividade” como um campo privilegiado de
diferenciação entre os gêneros.
O que fica claro é que não existe
uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta desempenhada por mulheres
e homens. Há na verdade um processo de aprendizado ou de internalização
referente às construções de gênero, que começam muito cedo, na infância. Ao
observar o ambiente escolar, percebemos claramente a divisão entre os
comportamentos considerados masculinos, destinados aos meninos, e os
comportamentos femininos, destinados às meninas. É um modelo de educação que
ensina e determina o que é ser homem e o que é ser mulher, onde aprendem como
precisam se comportar , quais espaços devem ocupar, etc.
Assim, gênero diz respeito ao modo
como nossa sociedade constrói representações sobre ser homem e ser mulher e
pressupõe que sejam naturalmente estabelecidas. Desde pequenos, meninos e
meninas são educados para agirem de determinada maneira: “coisa de menino e
coisa de menina”. O conceito de gênero contribui para pensarmos as relações
sociais estabelecidas entre homens e mulheres, já que aponta para o conjunto de
fatores socioculturais atribuídos aos corpos, estabelecendo a ideia de
masculino e feminino.
As ciências sociais nos ensinam que
as identidades masculinas e femininas não são construções biológicas e sim
culturais.
O conceito de gênero ao provar que
as diferenças de padrões sociais estabelecidos para homens e mulheres foram
construídas historicamente, permite vislumbrar a possibilidade de reverter
injustiças e construir um horizonte equânime na relação entre homens e
mulheres.
Pesquisa realizada em Recife (PE)
com as famílias cadastradas no CAD único do Programa Bolsa família (PBF)
mostrou que as famílias em melhores condições socioeconômicas são aquelas em
que os dois cônjuges trabalham e em que as crianças de 0 a 6 anos estão na creche ou pré-escola.
Fica evidente que a inserção da
mulher no mercado de trabalho e a criação de mecanismos de conciliação entre
emprego e família mostram-se fundamentais para o aumento da autonomia feminina.
A expansão das creches é tida como de fundamental importância para a população
pobre, pois possibilita o desenvolvimento cognitivo da criança e libera a mãe
para entrada no mercado de trabalho, garantindo, assim maior nível de renda
para a família.
Espera-se,
no entanto que a educação formal abarque tais questões aqui levantadas, já que
estas são uns dos ingredientes que contribui poder e que acarretam em
violência. Portanto, deverá ser trabalhada desde o início da vida escolar onde
colheremos bons resultados, quando houver transformações nos hábitos culturais
que serão adquiridos através da educação. O trabalho para eliminar a violência contra as
mulheres requer ação contínua, respaldada pelos recursos adequados e mecanismos
institucionais fortes, dedicados e permanentes oferecidos por políticas
públicas eficientes.
O presente projeto caracteriza-se
quanto a seus objetivos como uma pesquisa exploratória e se valerá de método
qualitativo a fim de se investigar a violência contra a mulher e a violência de
gênero no município de Alegre. A metodologia, enquanto um conjunto de técnicas
deve dispor de um conjunto instrumental claro, coerente, elaborado, de modo a
orientar impasses teóricos para o desafio da prática.
Pretende-se desenvolver uma pesquisa
bibliográfica, da qual se almeja explicar o problema a partir de referenciais
teóricos publicados em documentos relacionados ao assunto.
Serão utilizados como referência os
aspectos sociais, culturais, nas raízes culturais da inferioridade feminina, ou
seja, na ideologia de dominação masculina que é produzida e reproduzida por
homens e mulheres, que transformam as diferenças biológicas em desigualdades
hierárquicas
13/06/2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO POLO MUNICIPAL DE APOIO PRESENCIAL DE ALEGRE/UAB NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA FORMAÇÃO EM GESTÃO DE POLITICAS PÚBLICAS – GÊNERO E RAÇA
ALBA DA SILVA BARBOSA
ANGÉLICA LESSA
JANAÍNA MARQUES
LUCIANA DE OLIVEIRA REIS
MARCELI GOLÇALVES
PAULA BEPPLER SIMIQUELI
ROSIANE CABRAL
ROSIMAR ROCHA
WANDERSON ORNELAS OLIVEIRA
RECONHECENDO A DIVERSIDADE: POR UMA EDUCAÇÃO SEM
PRECONCEITOS
ALEGRE/ES
2012
1. PROJETO BÁSICO
Durante muito tempo as lutas pela igualdade de gênero e pelo respeito à diversidade tem sido constantes. Todavia, o predomínio de atitudes e combinações sociais discriminatórias em todas as sociedades, ainda é uma realidade tão persistente quanto naturalizada.
Atualmente, a diversidade se constitui como uma mola propulsora de mudanças em todas as dimensões da vida, partindo do pressuposto de que as diferenças são as marcas fundamentais das relações sociais. Isso significa o rompimento de toda a espécie de rótulos e preconceitos.
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A INTITUIÇÃO PROPONENTE
No projeto “Reconhecendo a Diversidade: Por uma Educação sem Preconceitos” busca-se, portanto, desenvolver uma postura crítica em relação aos processos de naturalização da diferença, embora reconheçamos que desigualdades sociais e políticas acabam sendo inscritas nos corpos: corpos de homens e mulheres, por exemplo, tornam-se diferentes por meio dos processos de socialização. Obviamente, a questão do estatuto dessas diferenças é um debate aberto e muito delicado, e a “verdade” sobre isso não deve ser encerrada em uma cartilha ou doutrina de qualquer ordem. Ao contrário, a escola precisa estar sempre preparada para apresentar não uma verdade absoluta, mas sim uma reflexão que possibilite aos alunos, familiares, comunidade escolar e local compreenderem as implicações éticas e políticas de diferentes posições sobre o tema e construírem sua própria opinião. A Secretaria Municipal de Educação participará com os profissionais de Educação para a realização do Projeto. Tendo como responsabilidade, fazer todas as articulações referentes à aplicação do projeto nas escolas e, o acompanhamento e avaliação da significatividade do mesmo.
1.2 JUSTIFICATIVA
É fato, que a educação é fonte transformadora de futuro, que através dela o ser humano se compõe e se constrói. Permitir que todos tenham total acesso a ela, é garantir a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos os seus cidadãos possam ter acesso à cultura e possam construir e promover cultura também.
Respeitar o outro é tarefa que deve ser aprendida desde a infância, dentro da família, na escola e na sociedade. Neste contexto social, procurando contribuir para melhoras no ensino é preciso entender as necessidades de estudar sobre os direitos humanos, que é amplo e universal.
Em todo lugar existe o preconceito, mas na escola, local onde as opiniões são formadas e conceitos apreendidos é que elas são visivelmente praticadas por crianças que ainda não tem a noção real do significado e até por pessoas adultas que ainda não desenvolveram a consciência cri tica com relação ao direito a equidade. Portanto, é de grande relevância o debate acerca da equidade de gênero na comunidade escolar e envolver todos e todas para o senso critico de respeito à dignidade humana e de observância dos direitos das mulheres que tanto sofreram durante muito tempo.
Para isso faz-se necessário utilizar formas simples e atraentes para as crianças desde a educação infantil para que possam começar a entender seus direitos e deveres e o que deve fazer para que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária.
Uma educação sem preconceitos deve ser baseada em “Ações Pedagógicas Afirmativas”, estratégias que, no contexto escolar, visam à inclusão e à valorização da cultura dos excluídos, o respeito à diversidade, refletindo e introduzindo novas propostas pedagógicas.
Educação para exercício da cidadania é pensar em mudança na forma de educar, que exige trabalho integrado, principalmente entre educadores, professores e familiares, num processo em que os envolvidos estão interagindo e se educando através da convivência com o outro.
E ainda, considerando a escola o local de encontro dos mais diversos tipos sociais e da construção e ampliação de competências e habilidades enquanto aprendizagem significativa, debater essa questão torna-se se imprescindível para a condução educação de qualidade e no combate à discriminação de todos os tipos e na promoção da igualdade de gêneros e raça.
Abordar esse tema constantemente na escola é praticar a transversalidade prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) na página 27,
Considerando esses aspectos da transversalidade e ainda a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e indígena como política de ação afirmativa prevista na Lei nº 10.639/2003, é de fundamental importância levar à reflexão e tecer novos olhares frente a essa realidade brasileira no contexto de comunidade em que a escola se insere.
1.3 OBJETIVOS
Salientar o debate sobre os temas gênero e etnia/raça na escola, como forma de fomentar as discussões sobre equanimidade de gênero e raça, instigando alunos, familiares e toda a comunidade escolar e local à conscientização e o respeito ao outro em sua diversidade.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mobilizar todas as escolas do município para a discussão e reflexão do tema de equidade de gênero e raça,
Elaborar palestras, oficinas e estudos sobre o tema com professores/as e alunos/as,
Incentivar os alunos a valorizar e respeitar a diversidade,
Promover a equidade de gênero e raça na comunidade local,
Conduzir o ser social à percepção da urgente necessidade de igualdade de direitos através de exemplos práticos mensuráveis disponíveis no próprio ambiente educacional.
Contribuir para formação do/da cidadão/ã.
Estimular e os alunos desde a infância a praticar o respeito pelos outros,
Fomentar reflexões acerca da discussão de gênero e raça no ambiente educacional da escola pública.
1.5 METAS/PRODUTOS/RESULTADOS ESPERADOS
O projeto almeja alcançar todas as escolas públicas municipais do sistema regular de ensino, visando orientar e conscientizar alunos, familiares e toda a comunidade escolar e local sobre a importância do respeito à diversidade, proporcionando uma educação que vise à igualdade em todos os sentidos, sem preconceitos ou qualquer tipo de discriminação.
1.6 PÚBLICO-ALVO
Alunos, família e toda a comunidade escolar do Município de Alegre/ES, visto que o envolvimento e a participação da família no ambiente escolar nos dias atuais são considerados um componente importante para o desempenho das instituições de ensino, e para a aprendizagem da criança em sua vida escolar e no meio social.
Comunidade local: pais, líderes comunitários e demais pessoas que trabalham indiretamente na formação dos/das estudantes – vigias, serventes, secretários/as escolares.
1.7 METODOLOGIA/ESTRATÉGIA DE AÇÃO
As ações planejadas neste projeto serão implantadas nas escolas como forma de real reflexão e tomada consciência da necessidade da equiparação de gênero e raça em todos os ambientes.
As atividades serão realizadas em primeiro momento pela secretaria de educação municipal, tendo em vista a necessária formação de professores, coordenadores e pedagogos para trabalhar com a temática dentro da escola.
Após esse momento de estudo, os profissionais capacitados desenvolverão ações de reflexão e incentivo à conscientização de alunos/as e demais profissionais que indiretamente estão envolvidos na educação.
Ampliando mais o desenvolvimento transversal da temática, serão realizadas palestras sobre o trabalho desenvolvido com os alunos para pais e líderes comunitários para que os mesmos engajem-se na luta por igualdade.
1.8 PRAZO
O projeto terá duração de um ano letivo, sendo assim divididos:
DATA DO INICIO: 06/02/2013
|
INVESTIMENTO
|
TEMPO
| ||
DATA DO FIM: 14/12/2013
|
R$ 56.750,00
|
Um ano letivo - 200 dias
| ||
Inicio
|
Termino
|
Nº de ordem
|
Etapas/ Metas/ Atividades
|
Público
|
06/fev
|
02/mar
|
1
|
Formação de professores oferecido pela secretaria de educação em horário inverso ao de turno de trabalho.
|
Professores da Educação Básica
|
05/mar
|
16/mar
|
2
|
Elaboração e sistematização pelos professores em sua escola de atuação das temáticas a serem desenvolvidas de acordo com a realidade local.
|
Professores e comunidade local
|
19/mar
|
23/mar
|
3
|
Apresentação da proposta aos alunos, demais envolvidos na educação e comunidade local, em momentos distintos, a saber: Aos alunos, em sala de aula; aos demais envolvidos na escola, em reunião de equipe; e à comunidade local (pais e líderes comunitários) em reunião planejada para a temática.
|
Alunos, profissionais que trabalham na escola administrativamente, comunidade local de todas as escolas
|
26/mar
|
26/Nov
|
4
|
Desenvolvimento das atividades – aplicação do projeto
|
Todos os envolvidos nas etapas anteriores
|
20/Nov
|
20/Nov
|
5
|
Fechamento do Projeto com apresentações teatrais e apresentações dos dados coletados em cada comunidade onde as escolas estão inseridas.
|
Todos os envolvidos nas etapas anteriores
|
21/Nov
|
26/Nov
|
6
|
Tabulação dos dados obtidos durante a aplicação do projeto e reflexão sobre a viabilidade do mesmo no contexto em que se insere.
|
Professores, secretaria de educação, coordenadores, pedagogos e diretores de escola e líderes da comunidade local
|
03/dez
|
14/dez
|
7
|
Avaliação e replanejamento do projeto para o ano seguinte, considerando os dados obtidos e os aspectos avaliados durante a reflexão dos resultados da proposta.
|
Secretaria de educação
|
1.9 SUSTENTABILIDADE
Levando-se em conta que esse será o primeiro ano de aplicação do projeto, a secretaria de educação compromete-se a monitorar a avaliar constantemente no que concerne aos aspectos econômicos e sociais para viabilidade de continuidade do projeto numa perspectiva de respeito às pessoas envolvidas e à natureza – considerando os gastos como necessários, mas passíveis de serem monitorados constantemente numa perspectiva transversal de ética e comprometimento com o meio ambiente.
1.10 DETALHAMENTO DOS CUSTOS
Detalhamento de custos do investimento fixo do projeto:
RECURSOS /ORÇAMENTO
ITEM
|
CUSTO (R$)
|
Gravador / MP4
|
200,00
|
Pen Drive de 8GB
|
100,00
|
Scanner
|
400,00
|
Máquina Fotográfica Digital
|
600,00
|
TOTAL:
|
1.300,00
|
ITEM
|
CUSTO (R$)
|
200 resmas de papel tipo A4
|
2.000,00
|
05 cartuchos de tinta para impressora
|
450,00
|
TOTAL:
|
2.450,00
|
PESSOAL
ITEM
|
CUSTO MENSAL (R$)
|
CUSTO TOTAL (R$)
(10 meses) |
1 estagiário pesquisador
|
500,00
|
5.000,00
|
1 digitador
|
800,00
|
8.000,00
|
1 revisor
|
1.000,00
|
10.000,00
|
Treinamento/Capacitação com os profissionais da Educação
|
3.000,00
|
30.000,00
|
TOTAL:
|
5.300,00
|
53.000,00
|
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1/92ª 64/2010. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010.
HEILBORN, M.L.; ARAÚJO, L. & BARRETO, A. Orgs.: Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – GPP-GeR: módulo V. Rio de Janeiro: CEPESC, Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2011.
NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um estado para a sociedade civil: Temas éticos e políticos da Gestão Democrática. São Paulo: Editora Cortez, 2004.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: volumes 1, 2 e 3/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.
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