Projetos

06/07/2012


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

ALBA DA SILVA BARBOSA
ANGÉLICA LESSA MEDEIROS
JANAÍNA MARQUES MELLO
LUCIANA DE OLIVEIRA REIS
MARCELI GONÇALVES
PAULA BEPPLER SIMIQUELI
ROSIANE CABRAL
ROSIMAR ROCHA
WANDERSON ORNELAS OLIVEIRA











A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
















Alegre
2012




INTRODUÇÃO:


A violência contra a mulher é um problema mundial e constitui uma das principais barreiras ao esforço da humanidade, na construção de um mundo de harmonia, amor, fraternidade e respeito pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, num contexto de famílias estáveis, que sejam de fato, bases sólidas que promovem e sustentam o desenvolvimento das pessoas e dos países.
A literatura sobre violência contra as mulheres tem suas origens no início dos anos 80, constituindo uma das principais áreas temáticas dos estudos feministas no Brasil. Esses estudos são fruto das mudanças sociais e políticas no país, acompanhando o desenvolvimento do movimento de mulheres e o processo de redemocratização. Nessa época, um dos principais objetivos do movimento foi dar visibilidade à violência contra as mesmas e combatê-la mediante intervenções sociais, psicológicas e jurídicas. Uma de suas conquistas mais importantes são as delegacias da mulher, as quais ainda hoje se constituem na principal política pública de combate à violência contra as mulheres e à impunidade.
Em relação à legislação, houve significativas mudanças nas últimas décadas. As conquistas sociais das mulheres brasileiras desde então são evidentes, assim como a redução de algumas desigualdades de gênero. No entanto, a violência contra as mulheres ainda é uma questão social grave de conseqüências diretas na vida das mesmas e em seu meio.
A violência de gênero contra a mulher ganha ênfase na década de 1980 devido à efervescência dos movimentos sociais, entre eles o movimento feminista, que foi o grande protagonista e propulsor do debate.  Neste cenário, onde havia uma crescente redemocratização, as mulheres também buscavam seu espaço dentro da sociedade. 
Uma das bandeiras centrais do movimento estava direcionada para o enfrentamento da violência de gênero contra a mulher, que num primeiro momento se deu tanto no âmbito judiciário, quanto no âmbito da segurança pública. Deste modo, a violência de gênero era tratada, inicialmente, como caso de polícia, com pouco destaque, ainda, nas demais esferas públicas do país.
Esse fato aponta para os processos educativos que perpassam as trajetórias dessas mulheres, indicando que a educação praticada na escola seria uma importante aliada no combate a este problema social. Com base neste contexto, busca-se analisar o papel da escola frente às questões de gênero, pois é nesta instituição que muitas imagens e preconceitos são vividos, produzidos e legitimados. Defende-se que o professor como agente de transformação social, através de sua prática, tanto pode contribuir para perpetuar esta cultura e deixar passar despercebidas situações que ocorrem na sala de aula, como pode atuar na construção de uma cultura de paz e mais igualdade entre homens e mulheres, desconstruindo estereótipos e oferecendo subsídios e reflexões, onde meninos e meninas se respeitem mutuamente, enquanto sujeitos de direitos.


 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA, DO OBJETO E JUSTIFICATIVA:


                O objeto central deste projeto surgiu após serem identificadas no ambiente escolar, diversas facetas da violência de gênero nos grupos familiares dos alunos da “Escola Estadual Professora ”Célia Teixeira do Carmo”, no município de Alegre – ES. Buscando contribuir para a redução da violência contra a mulher e a violência de gênero dentro do ambiente escolar e na comunidade, despertando o desejo nos alunos do exercício da cidadania plena, o senso crítico da realidade cotidiana, marcada tantas vezes pela desapropriação de direitos e deveres civis, políticos e sociais, fazendo com que estes alunos repensem os desafios   vivenciados no seu dia a dia. Acreditando na capacidade de intervir e fazer a diferença sob o foco da violência contra a mulher foi elaborado este Projeto para que os mesmos possam identificar em suas famílias e/ou comunidade as diversas faces da violência de gênero, identificando pontos de ajuda, despertando nestes alunos à importância da participação por meio do exercício de sua cidadania de forma plena, formando multiplicadores desta temática.



OBJETIVO GERAL:


Contribuir para a redução da violência contra a mulher e a violência de gênero, onde este levará informações às mulheres que são oprimidas, discriminadas e que sofrem das mais variadas modalidades e formas de violência.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


·         Discutir em âmbito escolar e na comunidade sobre as diversas facetas da violência contra a mulher e a violência de gênero;
·         Reforçar as capacidades institucionais e a educação e formação do público em geral em assuntos de violência contra a mulher;
·         Desenvolver e empregar no cotidiano familiar o que foi estudado sobre os direitos das mulheres no país, estado e município;
·         Possibilitar a compreensão do processo de violência contra a mulher e suas conseqüências no grupo familiar, comunitário e social;
·         Trabalhar a valorização da mulher vitima de violência;
·         Realizar ações de mobilizações sobre o tema com alunos, pais e comunidade;
·         Divulgar os serviços de atendimento e denuncias às mulheres vitimas de violência;
·         Identificar conteúdos discriminatórios à mulher nos materiais escolares e propor alternativas de divulgação dos mesmos.


 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:


                Este trabalho se organiza a partir do objetivo geral de compreender como a noção de educação constitui-se discursivamente em estratégia institucional para enfrentamento da violência contra a mulher no Brasil. Neste sentido, consideramos fundamental iniciar este trabalho a partir de uma breve revisão da literatura que contextualiza e define a violência contra a mulher como violência de gênero.
            A violência contra a mulher é uma problemática social grave e remota,
considerada uma violação aos direitos humanos e um problema de saúde pública com enormes proporções e graves conseqüências físicas e psicológicas para os envolvidos, sobretudo, as mulheres que são o principal alvo. É uma questão complexa de analisar, visto que atinge as mais diversas classes sociais, culturas, religiões, idades, raças e etnias. Trata-se, também, de uma violência de gênero sendo, a maioria, cometida por homens sobre mulheres, pois, acostumamo-nos a considerar como violência somente os atos que provocam algum tipo de lesão física. No entanto, a violência ocorre na forma de ofensas, intimidações, humilhações, ameaças e uma série de atitudes de agressão e desprezo; situação de constrangimentos seja na rua, nas escolas, nos ônibus, nas festas e, sobretudo, em casa.
Dados da Organização Mundial de Saúde - OMS, em 2005, divulgou que uma em cada seis mulheres no mundo sofre violência de gênero. A maioria envolve violência física sendo cometida, predominantemente, por maridos ou companheiros, no âmbito dos domicílios. O problema também é visto como uma questão de paz e segurança, esse alerta foi feito em boletim do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, e segundo o documento a “violência contra mulheres é talvez a mais vergonhosa das violações de direitos humanos”. Revelando assim que essa situação contra a mulher representa prioridade urgente de saúde pública.
Temos como referência o movimento de Mulheres para o debate de questões pertinentes à gênero, pois no interior destes movimentos que se desenvolve amplo debate acerca do entendimento da opressão das mulheres enquanto efeito de estruturas de dominação patriarcais.
Esta expressão – patriarcado é utilizada pelos Movimentos de mulheres como sinônimo de qualquer estrutura social em que as mulheres  ocupam posições subalternas, estando sujeitas aos mais variados modos de dominação pelos homens (Machado,2000).
Na produção feminista das ciências sociais  desde a década de 1980, a expressão patriarcado deixou de ser utilizada como um conceito analítico, adquirindo lugar secundário no campo dos estudos de gênero. Assim o termo “patriarcado permanece como uma referencia de fundo, mais alusiva do que conceitual” (Machado,2000).
Devemos considerar a influencia das reflexões na produção científica feminista de Pierre Bourdieu (2003) sobre dominação masculina. Tal conceito “supõe que a subordinação social das mulheres pelos homens seja efeito de um processo em que atributos culturais e representações sociais adquirem o estatuto de fatos naturais, impondo-se através da violência simbólica presente na linguagem, nos modos de organização social, nos comportamentos e nas visões de mundo que trazem implícita a superioridade do masculino sobre o feminino.”
O avanço dos direitos sociais e a conquista de maior cidadania tem sido conquistado por meio de mobilização e participação da sociedade. O movimento social tem se pautado por ações de reivindicação, denúncia, advocacy, encaminhamento de propostas concretas e articulação da sociedade na implementação de uma nova cultura de direitos.
A criação de Delegacias Especializadas para mulheres e a instituição dos Conselhos de Direitos da Mulher, são espaços conquistados pelas mulheres que foram se fortalecendo e se transformando em importantes instrumentos na luta contra a violência doméstica e as desigualdades de gênero.
O Movimento de mulheres e a participação política resultaram na realização de Conferências e Encontros nacionais e internacionais que direcionam o olhar para fatores culturais e sociais que reproduzem as desigualdades e discriminações de gênero.
Não se pode negar que nas ultimas décadas, houve inúmeras conquistas sociais das mulheres brasileiras que contribuem para redução das desigualdades de gênero. No entanto, a violência contra as mulheres ainda é um desafio a ser enfrentado, sendo considerada uma questão social grave e com conseqüências diretas na vida em geral, assim como na vida sexual e reprodutiva das mulheres.
A forma mais comum de violência contra a mulher é o abuso cometido pelo companheiro, que envolve desde agressão psicológica e/ou física até relação sexual forçada. Existe uma dificuldade extra no conhecimento do fenômeno, já que muitas vezes a agressão não é denunciada às autoridades. A mulher acaba buscando ajuda na própria família ou amigos, quando não silencia totalmente a violência durante anos a fio.
Em 1988 o Brasil realizou pesquisa histórica realizada como suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que forneceu dados sobre vitimização no âmbito nacional. Naquela época foi constatado que 63% dos casos de agressão física no espaço doméstico tinham a mulher como vítima.
Na década de 1980, foram criadas no Brasil as Delegacias de Defesa das Mulheres, que nos anos 90 passaram a ser chamadas de Delegacias Especiais de Atendimento às Mulheres (DEAM). Mas infelizmente este dispositivo cobre apenas 10% do território nacional. Os dados coletados nestas delegacias indicam que 70% das agressões ocorrem dentro de casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro. Destas agressões  40% resultam em lesões corporais graves.
A partir dos casos registrados nas delegacias novos estudos puderam ser realizados demonstrando que 80% das mulheres têm entre 20 e 40 anos, com vida conjugal de longa duração e que a violência ocorre mais entre pessoas com maior nível educacional. Este dado é extremamente preocupante, uma vez que se acredita que o acesso a educação é fator de combate já que é uma fonte de informação. No entanto, é preciso maior investigação, pois a revelação da violência é revestida de forte sentimento de vergonha e muitas vezes legitimada pela sociedade como responsabilidade exclusiva da mulher.
A educação é um direito e um elemento fundamental no exercício da cidadania e na construção da democracia. Vemos a educação como o meio mais eficiente de promoção da igualdade de gênero, uma vez que é um espaço privilegiado para construção de novos significados referentes ao ser homem e ao ser mulher, assim como também para se construir uma cultura de paz, onde se possa ensinar as crianças formas alternativas de resolução de conflitos, que não seja recorrer à violência. Mas principalmente um lugar de combate aos estereótipos que contribuem para perpetuação das desigualdades entre homens e mulheres.
Em grande parte do mundo as mulheres têm escolaridade inferior à dos homens. A superação desta diferença através da educação formal contribui para o empoderamento da mulher se manifestando em diferentes níveis: aumento do potencial de geração e renda, na autonomia das decisões pessoais e controle de sua fecundidade, além de maior participação na vida publicam.
No século XXI as mulheres adquiriram níveis educacionais superior aos homens (Beltrão e Alves, 2009), mas nem sempre foi assim, no Período Colonial as mulheres eram excluídas das poucas escolas existentes. Após a Independência da República, houve um aumento da oferta educacional, porém, ao sexo  feminino cabia apenas a educação primária, com forte conteúdo moral e social, com o objetivo de fortalecer o papel da mulher enquanto mãe e esposa. A educação secundária restringia-se ao magistério e na educação superior a situação era de quase total exclusão.
Levando-se em consideração que a educação dada às mulheres lhe reservava o destino da submissão, seja no lar ou na escola, mulheres se uniram e começaram a gritar contra a opressão e pela garantia de uma educação não sexista e informativa sobre seu corpo e sexualidade. Passaram a estudar e a trabalhar exigindo salários iguais aos dos homens, licença maternidade de 120 dias, creches para seus filhos (as), proibição de atestado de esterilidade para ser admitida no emprego.
Vemos no senso comum uma forte crença de que as atitudes de homens e mulheres são oriundas de uma certa programação natural e biológica de comportamento que viria junto com o tipo de corpo físico com que cada individuo nasce. Sobre esta questão, a antropóloga Margareth MEAD realizou importante pesquisa na década de 1930consolidada em seu livro Sexo e Temperamento (1988). Da comparação entre três culturas, que compartilhavam de uma organização social semelhante, as análises de MEAD dizem respeito à questão de como determinadas culturas podem não enfatizar uma relação entre sexo e personalidade. Já em outras, o sistema simbólico em torno da diferença sexual pode eleger a “afetividade” como um campo privilegiado de diferenciação entre os gêneros.
O que fica claro é que não existe uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta desempenhada por mulheres e homens. Há na verdade um processo de aprendizado ou de internalização referente às construções de gênero, que começam muito cedo, na infância. Ao observar o ambiente escolar, percebemos claramente a divisão entre os comportamentos considerados masculinos, destinados aos meninos, e os comportamentos femininos, destinados às meninas. É um modelo de educação que ensina e determina o que é ser homem e o que é ser mulher, onde aprendem como precisam se comportar , quais espaços devem ocupar, etc.
Assim, gênero diz respeito ao modo como nossa sociedade constrói representações sobre ser homem e ser mulher e pressupõe que sejam naturalmente estabelecidas. Desde pequenos, meninos e meninas são educados para agirem de determinada maneira: “coisa de menino e coisa de menina”. O conceito de gênero contribui para pensarmos as relações sociais estabelecidas entre homens e mulheres, já que aponta para o conjunto de fatores socioculturais atribuídos aos corpos, estabelecendo a ideia de masculino e feminino.
As ciências sociais nos ensinam que as identidades masculinas e femininas não são construções biológicas e sim culturais.
O conceito de gênero ao provar que as diferenças de padrões sociais estabelecidos para homens e mulheres foram construídas historicamente, permite vislumbrar a possibilidade de reverter injustiças e construir um horizonte equânime na relação entre homens e mulheres.
Pesquisa realizada em Recife (PE) com as famílias cadastradas no CAD único do Programa Bolsa família (PBF) mostrou que as famílias em melhores condições socioeconômicas são aquelas em que os dois cônjuges trabalham e em que as crianças de 0 a 6 anos  estão na creche ou pré-escola.
Fica evidente que a inserção da mulher no mercado de trabalho e a criação de mecanismos de conciliação entre emprego e família mostram-se fundamentais para o aumento da autonomia feminina. A expansão das creches é tida como de fundamental importância para a população pobre, pois possibilita o desenvolvimento cognitivo da criança e libera a mãe para entrada no mercado de trabalho, garantindo, assim maior nível de renda para a família.
Espera-se, no entanto que a educação formal abarque tais questões aqui levantadas, já que estas são uns dos ingredientes que contribui poder e que acarretam em violência. Portanto, deverá ser trabalhada desde o início da vida escolar onde colheremos bons resultados, quando houver transformações nos hábitos culturais que serão adquiridos através da educação. O trabalho para eliminar a violência contra as mulheres requer ação contínua, respaldada pelos recursos adequados e mecanismos institucionais fortes, dedicados e permanentes oferecidos por políticas públicas eficientes.


 METODOLOGIA:


            O presente projeto caracteriza-se quanto a seus objetivos como uma pesquisa exploratória e se valerá de método qualitativo a fim de se investigar a violência contra a mulher e a violência de gênero no município de Alegre. A metodologia, enquanto um conjunto de técnicas deve dispor de um conjunto instrumental claro, coerente, elaborado, de modo a orientar impasses teóricos para o desafio da prática.  
            Pretende-se desenvolver uma pesquisa bibliográfica, da qual se almeja explicar o problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos relacionados ao assunto.
            Serão utilizados como referência os aspectos sociais, culturais, nas raízes culturais da inferioridade feminina, ou seja, na ideologia de dominação masculina que é produzida e reproduzida por homens e mulheres, que transformam as diferenças biológicas em desigualdades hierárquicas




13/06/2012


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO POLO MUNICIPAL DE APOIO PRESENCIAL DE ALEGRE/UAB NÚCLEO DE EDUCAÇÃO ABERTA E À DISTÂNCIA FORMAÇÃO EM GESTÃO DE POLITICAS PÚBLICAS – GÊNERO E RAÇA



ALBA DA SILVA BARBOSA
ANGÉLICA LESSA
JANAÍNA MARQUES
LUCIANA DE OLIVEIRA REIS
MARCELI GOLÇALVES
PAULA BEPPLER SIMIQUELI
ROSIANE CABRAL
ROSIMAR ROCHA
WANDERSON ORNELAS OLIVEIRA



RECONHECENDO A DIVERSIDADE: POR UMA EDUCAÇÃO SEM
PRECONCEITOS

ALEGRE/ES
2012







      1.    PROJETO BÁSICO


Durante muito tempo as lutas pela igualdade de gênero e pelo respeito à diversidade tem sido constantes. Todavia, o predomínio de atitudes e combinações sociais discriminatórias em todas as sociedades, ainda é uma realidade tão persistente quanto naturalizada.
Atualmente, a diversidade se constitui como uma mola propulsora de mudanças em todas as dimensões da vida, partindo do pressuposto de que as diferenças são as marcas fundamentais das relações sociais. Isso significa o rompimento de toda a espécie de rótulos e preconceitos.



1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A INTITUIÇÃO PROPONENTE
No projeto “Reconhecendo a Diversidade: Por uma Educação sem Preconceitos” busca-se, portanto, desenvolver uma postura crítica em relação aos processos de naturalização da diferença, embora reconheçamos que desigualdades sociais e políticas acabam sendo inscritas nos corpos: corpos de homens e mulheres, por exemplo, tornam-se diferentes por meio dos processos de socialização. Obviamente, a questão do estatuto dessas diferenças é um debate aberto e muito delicado, e a “verdade” sobre isso não deve ser encerrada em uma cartilha ou doutrina de qualquer ordem. Ao contrário, a escola precisa estar sempre preparada para apresentar não uma verdade absoluta, mas sim uma reflexão que possibilite aos alunos, familiares, comunidade escolar e local compreenderem as implicações éticas e políticas de diferentes posições sobre o tema e construírem sua própria opinião. A Secretaria Municipal de Educação participará com os profissionais de Educação para a realização do Projeto. Tendo como responsabilidade, fazer todas as articulações referentes à aplicação do projeto nas escolas e, o acompanhamento e avaliação da significatividade do mesmo.



1.2 JUSTIFICATIVA
É fato, que a educação é fonte transformadora de futuro, que através dela o ser humano se compõe e se constrói. Permitir que todos tenham total acesso a ela, é garantir a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos os seus cidadãos possam ter acesso à cultura e possam construir e promover cultura também.
Respeitar o outro é tarefa que deve ser aprendida desde a infância, dentro da família, na escola e na sociedade. Neste contexto social, procurando contribuir para melhoras no ensino é preciso entender as necessidades de estudar sobre os direitos humanos, que é amplo e universal.
Em todo lugar existe o preconceito, mas na escola, local onde as opiniões são formadas e conceitos apreendidos é que elas são visivelmente praticadas por crianças que ainda não tem a noção real do significado e até por pessoas adultas que ainda não desenvolveram a consciência cri tica com relação ao direito a equidade. Portanto, é de grande relevância o debate acerca da equidade de gênero na comunidade escolar e envolver todos e todas para o senso critico de respeito à dignidade humana e de observância dos direitos das mulheres que tanto sofreram durante muito tempo.

Para isso faz-se necessário utilizar formas simples e atraentes para as crianças desde a educação infantil para que possam começar a entender seus direitos e deveres e o que deve fazer para que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária.
Uma educação sem preconceitos deve ser baseada em “Ações Pedagógicas Afirmativas”, estratégias que, no contexto escolar, visam à inclusão e à valorização da cultura dos excluídos, o respeito à diversidade, refletindo e introduzindo novas propostas pedagógicas.
Educação para exercício da cidadania é pensar em mudança na forma de educar, que exige trabalho integrado, principalmente entre educadores, professores e familiares, num processo em que os envolvidos estão interagindo e se educando através da convivência com o outro.

E ainda, considerando a escola o local de encontro dos mais diversos tipos sociais e da construção e ampliação de competências e habilidades enquanto aprendizagem significativa, debater essa questão torna-se se imprescindível para a condução educação de qualidade e no combate à discriminação de todos os tipos e na promoção da igualdade de gêneros e raça.
Abordar esse tema constantemente na escola é praticar a transversalidade prevista nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) na página 27,
Considerando esses aspectos da transversalidade e ainda a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e indígena como política de ação afirmativa prevista na  Lei nº 10.639/2003, é de fundamental importância levar à reflexão e tecer novos olhares frente a essa realidade brasileira no contexto de comunidade em que a escola se insere.

1.3 OBJETIVOS
Salientar o debate sobre os temas gênero e etnia/raça na escola, como forma de fomentar as discussões sobre equanimidade de gênero e raça, instigando alunos, familiares e toda a comunidade escolar e local à conscientização e o respeito ao outro em sua diversidade.

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mobilizar todas as escolas do município para a discussão e reflexão do tema de equidade de gênero e raça,
Elaborar palestras, oficinas e estudos sobre o tema com professores/as e alunos/as,
Incentivar os alunos a valorizar e respeitar a diversidade,
Promover a equidade de gênero e raça na comunidade local,
Conduzir o ser social à percepção da urgente necessidade de igualdade de direitos através de exemplos práticos mensuráveis disponíveis no próprio ambiente educacional.
Contribuir para formação do/da cidadão/ã.
Estimular e os alunos desde a infância a praticar o respeito pelos outros,
Fomentar reflexões acerca da discussão de gênero e raça no ambiente educacional da escola pública.

1.5 METAS/PRODUTOS/RESULTADOS ESPERADOS
O projeto almeja alcançar todas as escolas públicas municipais do sistema regular de ensino, visando orientar e conscientizar alunos, familiares e toda a comunidade escolar e local sobre a importância do respeito à diversidade, proporcionando uma educação que vise à igualdade em todos os sentidos, sem preconceitos ou qualquer tipo de discriminação.

1.6 PÚBLICO-ALVO
Alunos, família e toda a comunidade escolar do Município de Alegre/ES, visto que o envolvimento e a participação da família no ambiente escolar nos dias atuais são considerados um componente importante para o desempenho das instituições de ensino, e para a aprendizagem da criança em sua vida escolar e no meio social.
Comunidade local: pais, líderes comunitários e demais pessoas que trabalham indiretamente na formação dos/das estudantes – vigias, serventes, secretários/as escolares.

1.7 METODOLOGIA/ESTRATÉGIA DE AÇÃO
As ações planejadas neste projeto serão implantadas nas escolas como forma de real reflexão e tomada consciência da necessidade da equiparação de gênero e raça em todos os ambientes.
As atividades serão realizadas em primeiro momento pela secretaria de educação municipal, tendo em vista a necessária formação de professores, coordenadores e pedagogos para trabalhar com a temática dentro da escola.
Após esse momento de estudo, os profissionais capacitados desenvolverão ações de reflexão e incentivo à conscientização de alunos/as e demais profissionais que indiretamente estão envolvidos na educação.
Ampliando mais o desenvolvimento transversal da temática, serão realizadas palestras sobre o trabalho desenvolvido com os alunos para pais e líderes comunitários para que os mesmos engajem-se na luta por igualdade.




1.8 PRAZO
O projeto terá duração de um ano letivo, sendo assim divididos:
DATA DO INICIO: 06/02/2013
INVESTIMENTO
TEMPO
DATA DO FIM: 14/12/2013
R$ 56.750,00
Um ano letivo - 200 dias





Inicio
Termino
Nº de ordem
Etapas/ Metas/ Atividades
Público
06/fev
02/mar
1
Formação de professores oferecido pela secretaria de educação em horário inverso ao de turno de trabalho.
Professores da Educação Básica
05/mar
16/mar
2
Elaboração e sistematização pelos professores em sua escola de atuação das temáticas a serem desenvolvidas de acordo com a realidade local.
Professores e comunidade local
19/mar
23/mar
3
Apresentação da proposta aos alunos, demais envolvidos na educação e comunidade local, em momentos distintos, a saber: Aos alunos, em sala de aula; aos demais envolvidos na escola, em reunião de equipe; e à comunidade local (pais e líderes comunitários) em reunião planejada para a temática.
Alunos, profissionais que trabalham na escola administrativamente, comunidade local de todas as escolas
26/mar
26/Nov
4
Desenvolvimento das atividades – aplicação do projeto
Todos os envolvidos nas etapas anteriores
20/Nov
20/Nov
5
Fechamento do Projeto com apresentações teatrais e apresentações dos dados coletados em cada comunidade onde as escolas estão inseridas.
Todos os envolvidos nas etapas anteriores
21/Nov
26/Nov
6
Tabulação dos dados obtidos durante a aplicação do projeto e reflexão sobre a viabilidade do mesmo no contexto em que se insere.
Professores, secretaria de educação, coordenadores, pedagogos e diretores de escola e líderes da comunidade local
03/dez
14/dez
7
Avaliação e replanejamento do projeto para o ano seguinte, considerando os dados obtidos e os aspectos avaliados durante a reflexão dos resultados da proposta.
Secretaria de educação

1.9 SUSTENTABILIDADE
Levando-se em conta que esse será o primeiro ano de aplicação do projeto, a secretaria de educação compromete-se a monitorar a avaliar constantemente no que concerne aos aspectos econômicos e sociais para viabilidade de continuidade do projeto numa perspectiva de respeito às pessoas envolvidas e à natureza – considerando os gastos como necessários, mas passíveis de serem monitorados constantemente numa perspectiva transversal de ética e comprometimento com o meio ambiente.

1.10 DETALHAMENTO DOS CUSTOS
         Detalhamento de custos do investimento fixo do projeto:
RECURSOS /ORÇAMENTO
ITEM
   CUSTO (R$)   
Gravador / MP4
200,00
Pen Drive de 8GB
100,00
Scanner
400,00
Máquina Fotográfica Digital
600,00
TOTAL:
1.300,00
MATERIAIS DE CONSUMO
ITEM
   CUSTO (R$)   
200 resmas de papel tipo A4
2.000,00
05 cartuchos de tinta para impressora
450,00
TOTAL:
2.450,00
PESSOAL


ITEM


  CUSTO MENSAL (R$)  


  CUSTO TOTAL (R$)
(10 meses)
1 estagiário pesquisador
500,00
5.000,00
1 digitador
800,00
8.000,00
1 revisor
1.000,00 
10.000,00
Treinamento/Capacitação com os profissionais da Educação
3.000,00 
30.000,00
TOTAL:
5.300,00
53.000,00



REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1/92ª 64/2010. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010.
HEILBORN, M.L.; ARAÚJO, L. & BARRETO, A. Orgs.: Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – GPP-GeR: módulo V. Rio de Janeiro: CEPESC, Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2011.
NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um estado para a sociedade civil: Temas éticos e políticos da Gestão Democrática. São Paulo: Editora Cortez, 2004.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: volumes 1, 2 e 3/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998.


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